A Mix Tecnologia criou um leitor eletrônico de livros semelhante ao Kindle, com ferramenta educacional incorporada
É nordestino o primeiro aparelho nacional leitor de livros em formato eletrônico — semelhante ao Kindle, lançado pela Amazon nos Estados Unidos — com patente requerida no segmento de e-readers e tecnologia de software 100% nacional. O aparelho, batizado de Mix Leitor D, foi criado pela empresa pernambucana Mix Tecnologia em parceria com a editora Carpe Diem Edições e Produções.
Com software voltado para a realidade do país, onde 65% dos municípios não possuem livrarias, o aparelho permitirá que seus usuários façam download livremente de obras públicas disponíveis na internet – além dos livros vendidos em seu próprio portal, como já fazem os dispositivos que seguem a linha do Kindle.
Os primeiros aparelhos Mix Leitor D deverão ser comercializados a partir de junho do próximo ano. As dimensões do equipamento serão de 10cm x 15cm. A tela, de seis polegadas, conta com a mesma tecnologia utilizada no Kindle, chamada de “E-ink”, cuja luminosidade não encandeia o leitor, tornando a leitura confortável em qualquer ambiente, e ainda tem baixo consumo de energia da bateria. A empresa prevê o lançamento de dois modelos para o Mix Leitor D, um básico e um “premium”, com preços de R$ 650 e R$ 1.100, respectivamente. O modelo básico terá capacidade de armazenamento de 1 GB, capaz de guardar mais de 300 livros. Já o modelo premium poderá armazenar até 1.500 livros em seus 4 GB de memória.
Os formatos de arquivos aceitos pelo dispositivo são o BBeB Book, TXT, RTF, PDF e DOC, bem como o formato proprietário da própria Mix Tecnologia, baseado em hipertexto. O aparelho também reproduz arquivos de áudio em MP3 e imagens JPG, GIF, PNG e BMP.
É essa praticidade, de poder ter à mão um aparelho portátil e de pouca espessura que abriga centenas de livros, um dos atrativos que têm tornado os leitores eletrônicos um sucesso. Outra vantagem desse tipo de produto é dar ao usuário a comodidade de comprar lançamentos editoriais com apenas alguns cliques no aparelho, sem a necessidade de sair de casa e ir até uma livraria de verdade. A Carpe Diem já vem negociando, junto a algumas editoras, o fornecimento de conteúdo para o Mix Leitor D.
Para Antônio Campos, da Carpe Diem, a revolução eletrônica literária não vai, necessariamente, decretar o fim do livro em papel tal como o conhecemos. “O livro eletrônico e o livro de papel vão conviver sempre. São livros. Apenas o suporte é diferente”, opina Campos. “Os livros eletrônicos são uma tendência sem volta e em curva ascendente. Precisamos tentar conciliar a cadeia produtiva do livro, os direitos autorais e o mercado no mundo digital, que cresce em progressão geométrica”, emenda.
DIFERENCIAL
Aparelho oferece recurso educacionalAssim como aconteceu com o aparelho de música iPod, da Apple, que revolucionou o mercado musical com praticidades semelhantes, quem puxa esse princípio de revolução no segmento editorial é o Kindle, lançado em 2007 pela loja virtual Amazon.
Na esteira do sucesso de aparelhos como o iPod e o Kindle, que se tornaram ícones de seus segmentos, surgem no mercado os chamados “clones”, produtos semelhantes de outras marcas. É o caso de modelos como o E-reader Book, que será lançado este ano no Brasil pela Braview, além do próprio Mix Leitor. Geralmente, esses aparelhos são adquiridos pré-fabricados na China ou Taiwan e adaptados localmente.
Mas o diferencial do Mix Leitor é o viés educacional. O dispositivo virá com o Interquiz, uma ferramenta que fornece ao usuário perguntas, respostas e comentários sobre o assunto que está sendo consultado. É este justamente o valor agregado do produto com patente requerida. Justifica-se: o Brasil é hoje o maior mercado consumidor de livros didáticos do mundo. “Esta funcionalidade educacional é o principal diferencial de valor agregado do Mix Leitor D, que pretende ser uma ferramenta de democratização da informação e do conhecimento”, afirmam Murilo Marinho e Diego Mello, da Mix Tecnologia.
Questionado se o produto não seria só mais um clone do Kindle, o gerente de produtos Diego Mello diz que ele foi pensado como um aparelho novo, com funcionalidades inéditas e cita as ferramentas educacionais e o teclado Interquiz.
As patentes para o protótipo do Mix Leitor D já foram solicitadas junto ao European Patent Office e a outros órgãos. Atualmente, os principais produtos similares no mercado internacional permitem apenas a compra de obras em seus portais próprios e, ainda assim, cada obra adquirida serve apenas à leitura no equipamento individual, não podendo ser partilhada entre usuários. Além do mais, esses equipamentos, como o Kindle, ainda não são disponibilizados comercialmente no Brasil. Daí a boa expectativa por uma solução como a que é prometida pela empresa pernambucana.
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